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questionamentos atuais, que consideram outros aspectos da saúde dos sujeitos, na sua
complexidade conceitual, eram ignorados pela maioria dos participantes.
A partir da 3ª e 4ª sessões fílmicas, indícios de novas compreensões relacionadas à saúde
(eutanásia, envelhecimento, qualidade de vida e cuidado de si) foram emergindo, com a
mediação e interações proporcionadas no processo desencadeado. Neste sentido, houve a
revisão, análise, (re)construção e (re)significação da compreensão de saúde por parte dos
professores em formação inicial e continuada, o que é evidenciado no episódio 14, construído
com as falas dos professores, no grupo focal. Alguns aspectos vivenciados no processo de
reflexão compartilhada são evidenciados e corroboram esta afirmativa.
Episódio 14 – Saúde: não pensamos na complexidade do indivíduo, há várias questões
interligadas
Pesquisadora (GF, T.02, 2016): como os encontros formativos que tivemos durante esses
meses, contribuíram para que ampliássemos nosso entendimento sobre a temática da saúde e
da educação em saúde?
Sara (GF, T.03, 2016): [...] alguns dos filmes eu já tinha visto e passado para meus alunos,
mas, não nesse enfoque de saúde... sempre foi assim, fui pensando o que mais o filme tem de
conteúdo de biologia, então não havia a discussão com os alunos depois de assistir o filme,
depois eu mesma dizia, ôh pessoal no filme apareceu isso...isso do que estamos estudando,
[...] participando dos encontros aqui, algo se abriu para mim, essa questão da visão, como
o pessoal entendia a saúde...naquela época, naquele contexto, como é hoje, eu realmente não
fazia a ponte do conhecimento do passado com o de hoje, isso para mim foi uma coisa muito
importante. [...] (GF, T.07, 2016): também foi uma das coisas, assim que é que tu não dá
muita ênfase né, a história da saúde. [...] (GF, T.12, 2016): [...] no seminário integrado esse
ano a gente baseou parte dos projetos a partir de filmes, foi pensado uma série de atividades
[...] aquele filme que assistimos aqui, o Jardineiro Fiel, a menina que estava estagiando fez
um leque de coisas, da questão das empresas, como são produzidos os medicamentos, [...]
sabe não foi só assistir o filme, ah o filme foi bom, sei lá, foi além, se não tivéssemos
participado desse trabalho, dessa discussão, eu acho que não teria acontecido esse trabalho
no seminário né.
Pesquisadora (GF, T.16, 2016): então nossas discussões contribuíram para ampliar um
pouco o entendimento que tínhamos de saúde [...].
Sara (GF, T.22, 2016): outra coisa, os filmes, que foram escolhidos, permitiram ver essas
visões de que não eram só a parte conteudista né ( referindo-se ao tema saúde), que ela é mais
ampla, que eu não vou assistir um filme para saber como é uma doença, não, é uma coisa
muito mais ampla. [...] (GF, T.24, 2016): os encontros proporcionaram isso para nós. [...]
(GF, T.28, 2016): no filme óleo de Lorenzo, antes de eu trabalhar com vocês aqui, eu focava
ele nos problemas de genética, mas depois que discutimos, percebi que não era só a doença
genética, foi tudo, foi um monte de coisas, pesquisa, busca de conhecimento para
compreender as coisas, tratamento, relações familiares.
Selma (GF, T.146, 2016): é um instrumento que possibilita diversos olhares, olha aquela
questão do Lorenzo, quando a mãe trouxe o amigo africano, ela não queria tratar só o físico,
ela queria tratar o psicológico dele, ela tinha esperança que ele compreendia, que ele não era
um vegetal, por isso contava histórias para ele, e percebeu que ele também não queria mais
historinhas de criança, ele queria outras histórias, e também por isso que ela não aceitava
qualquer enfermeira, [...] quando vemos todas essas abordagens, a gente pensa na
complexidade do indivíduo né, tem várias questões interligadas.