MENDONÇA, F. Aspectos da interação clima...
malária, tripanossomíase, leishmaniose, filariose, amebíase,
oncocercíase, esquistossomose e diversas verminoses, hoje restritas
às zonas tropicais, têm relação com a temperatura e poderiam
teoricamente ser afetadas pela mudança do clima”. A temperatura tem,
para este autor, relação também com muitas outras doenças contagiosas
não-parasíticas, como febre amarela, dengue e outras enfermidades
viróticas transmitidas por artrópodes, peste bubônica, disenteria e outras
afecções diarréicas. Os perfis de desenvolvimento e multiplicação dos
parasitas, ou vírus da malária, no interior de mosquitos transmissores
dependem da temperatura do ar.
ESTUDOS RELATIVOS À INTERAÇÃO CLIMA - SAÚDE NO BRASIL:
BREVE INTRODUÇÃO
No trabalho de PEIXOTO (1975), um dos pioneiros no Brasil a
estabelecer correlações entre algumas doenças e as condições
climáticas do país, tem-se uma explanação detalhada da manifestação
de inúmeras doenças, ou dos posteriormente nominados complexos
patogênicos no Brasil. Após interessante abordagem da
meteoropatologia (clima e salubridade), o autor trata das seguintes
epidemias brasileiras: febre amarela, malária, peste oriental, cólera,
febre tífica, disenterias, varíola, gripe, tuberculose, lepra, sífilis, boubas,
leishmaniose, úlcera de Bauru, esquistosomose, filariose, opilação:
ancilostomose, ofidismo e beribéri, dando maior destaque aos problemas
da Amazônia e da região Nordeste do país.
LACAZ et al. (1972), em detalhado trabalho relativo à geografia
médica do Brasil, apresenta um apanhado de várias obras relativas à
abordagem da saúde humana por alguns campos de estudo da
geografia; destaca, dentre eles, os estudos no campo da climatologia
médica, cujo período áureo pode ser considerado como aquele que vai
de 1900 até a década de 1950. Destacaram-se naquela época, segundo
os referidos autores, os trabalhos de V. Godinho, J. P. Fontenelle, C.
Seabra e X. da Silveira, A. Peixoto, J. de B. Barreto, H. Annes-Dias e J.
D. Carvalho; boa parte destes pesquisadores eram médicos que
buscavam compreender as causas das doenças por eles tratadas e
estudadas através, também, da ação do clima sobre o organismo dos
homens.
Houve, sobretudo após a década de cinqüenta, um relativo
abandono deste campo de estudos dentro da geografia brasileira, sendo
poucos os exemplos que ilustram o período após a década de sessenta.
R. RA’EGA, Curitiba, n. 4, p. 85-99. 2000. Editora da UFPR
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