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Já a Plataforma de Direitos Humanos – Dhesca Brasil – é uma rede
que envolve quarenta organizações da sociedade civil com objetivo de
promover a defesa dos direitos humanos e reparar violações, realizando
missões de investigação e incidência por meio de suas relatorias64. Para o
que está em questão, a Relatoria de Direito Humano ao Meio Ambiente
(RDHMA) fez uma missão no estado do Acre e produziu o relatório em
final de 2013 com o título “Economia Verde, Povos da Floresta e
Território: violações de direitos no estado do Acre” que traz importantes
contribuições de interesse para o que aqui de discute.
Numa abordagem semelhante que também destaca o papel dos
direitos humanos ao mesmo tempo que combate a mercantilização da
natureza, com atenção voltada aos povos indígenas e outros povos
tradicionais, há o material produzido pelo Conselho Indigenista
Missionário – Cimi. Este organismo, vinculado à Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil – CNBB, além da atuação missionária da igreja
católica65 junto aos povos indígenas e sobre temas correlatos
conta com apoio financeiro de fundos europeus de apoio à natureza. (http://wrm.org.uy/pt/
Acesso em março de 2016).
64 Sobre a Plataforma Dhesca, o seu sítio na internet informa que seu “objetivo geral é
contribuir para a construção e fortalecimento de uma cultura de direitos, desenvolvendo
estratégias de exigibilidade e justiciabilidade dos direitos humanos econômicos, sociais,
culturais e ambientais, bem como incidir na formulação, efetivação e controle de políticas
públicas sociais. A Plataforma surgiu como um capítulo da Plataforma Interamericana de
Direitos Humanos, Democracia e Desenvolvimento (PIDHDD), que se articula desde os
anos 1990 para promover a troca de experiências e a soma de esforços na luta pela
implementação dos direitos humanos, integrando organizações da sociedade civil de
diversos países, em especial do Peru, Equador, Argentina, Chile, Bolívia, Colômbia,
Paraguai e Venezuela”. (http://www.plataformadh.org.br/ Acesso em fevereiro de 2016).
65 A despeito do movimento de abertura produzido pelo Concílio Vaticano II no início dos
anos 1960, tem sido notório o conservadorismo da igreja católica nas últimas décadas,
como se observa não apenas nas suas participações nos debates sobre temas
contemporâneos, mas também nos escândalos de pedofilia e de desvios financeiros
ocorridos dentro da própria igreja. Temas caros a movimentos feministas como a questão
do aborto, participação das mulheres nas decisões do clero e outros, como a eutanásia, a
manipulação de células-tronco embrionárias, casamento entre pessoas do mesmo sexo
continuam sendo fortemente combatidas pela cúpula do Vaticano. Contudo, em fevereiro
de 2013, com o início do pontificado do Papa Francisco, tem havido uma tentativa de fazer
uma inflexão, pelo menos em algumas agendas. Em que pese ainda não haver de fato
nenhuma grande mudança, pronunciamentos esporádicos do Pontífice sobre questões
polêmicas e a sua participação em negociações diplomáticas, como no caso da aproximação
entre Cuba e Estados Unidos e a acolhida de refugiados da guerra civil na Síria, tem
mobilizado muitos ânimos e suscitado discussões. De todo modo, uma postura mais
progressista tem sido adotada no debate sobre a questão ambiental onde se insere a crise
climática. Esta, entretanto, é vista como resultado da excessiva produção e posse de
mercadorias, do aumento das desigualdades sociais e da degradação da natureza, em