índios kamayurás, convivendo em determinado lugar do Parque
Indígena do Xingu que é seu território (T) e interagindo verbalmente
pelo modo tradicional de interagir, que é sua língua (L), o kamayurá.
Tudo que tem a ver com a língua como fenômeno específico de uma
espécie de ser vivo, ou seja, com suas manifestações naturais. Por isso,
representamo-la por L1, uma vez que ela pode ser vista também como
um fenômeno mental ou social. No interior do ecossistema natural da
língua, temos o meio ambiente natural da língua, constituído por P1 e
T1, como seres concretos, que têm nomes próprios. Resumindo, esse
ecossistema consta de P1T1L1 e, em seu interior, o MA em que se dão as
interações linguísticas é constituído de P T .
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Quando focamos a atenção na língua em cada indivíduo da
população, notamos que ela foi formada, está armazenada e é processada
no cérebro deles. As inter-relações da língua no interior desses cérebros
(ou mentes) se dão nas conexões entre os neurônios (axônios e
dendritos). Representaremos língua como fenômeno mental por L2, o
conjunto de inter-relações mentais (gramaticais, lexicais, interacionais
etc.). P2 está para a parte do indivíduo da população que interessa, ou
seja, a mente, e T2 representa o cérebro de cada indivíduo da população,
o “território”, ou locus da língua como fenômeno mental. Dentro desse
ecossistema mental da língua, temos o meio ambiente mental da língua,
constituído de P2 mais T2.
Por fim, se encararmos a língua como fenômeno social (aqui
representada por L3), como o próprio Haugen havia feito, notamos que
ela se encontra no seio da população como um conjunto de indivíduos
organizados socialmente (P3), a coletividade, cuja totalidade constitui
a sociedade (T3), que é o locus das interações sociolinguísticas. Nesse
caso, o meio ambiente social da língua é esse conjunto de indivíduos
considerados como seres sociais (P ) juntamente com a totalidade de
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indivíduos encarada como sociedade (T3).
Como proposto filosoficamente por Leonardo Boff, há um quarto
ecossistema, no nosso caso, o ecossistema integral da língua, no caso
dele a ecologia integral (BOFF, 2012). Ele é assim chamado porque
integra os três outros; é a língua encarada holisticamente. Em seu
interior, temos o meio ambiente integral da língua, formado é P e T,
considerados genericamente, ou seja, P não é um conjunto de indivíduos
Signótica, goiânia, v. 28, n. 2, p. 381-404, jul./dez. 2016
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