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onde fatores ambientais como luminosidade, temperatura, vento e
precipitação são preponderantes, ciclistas relatam que se sentem pouco
seguros ao trafegarem (Spencer et al., 2013).
Outro fator que afeta negativamente no uso da bicicleta é a
condição climática (Eryiğit & Ter, 2014; Flynn, Dana, Sears &
Aultman-Hall, 2012; Franco et al., 2014; Spencer, Watts, Vivanco &
Flynn, 2013). Por exemplo, em estudo sobre o impacto das condições do
tempo na decisão de pedalar até o trabalho, identificou-se que
precipitação, temperatura, vento e neve são as principais barreiras
(Flynn et al., 2012). Assim, sentir calor (Franco et al., 2014) ou frio
(Spencer et al., 2013) é indicado como barreira para o uso de bicicleta.
Aliado às condições climáticas, há evidências de que a estação do
ano em que se pedala esteja atrelada à satisfação do ciclista (Willis et
al., 2013). Assim, aqueles que pedalam o ano todo são mais satisfeitos
do que aqueles que pedalam apenas nos meses mais quentes do ano.
Buehler (2012) complementa ao identificar na pesquisa realizada em
uma cidade dos Estados Unidos que a bicicleta é mais utilizada durante
os meses de verão.
Ao considerarem variáveis sociodemográficas, Zhang, Magalhães
e Wang (2014) analisam suas relações com a disposição de utilizar a
bicicleta em uma cidade brasileira. Concluem que pessoas de classe
média, com níveis educacionais elevados, que levam muito tempo
caminhando até o local de trabalho e que se locomovem pouco com
outros meios são mais favoráveis à bicicleta, ao passo que motoristas de
carro dificilmente aderem ao seu uso.
Nota-se, portanto, que variáveis ambientais são significativas na
escolha da bicicleta como meio de transporte. Fatores relacionados à
inclinação do terreno (Vandenbulcke et al., 2011; Willis et al., 2013), à
presença de faixas exclusivas para ciclistas (Basu & Vasudevan, 2013) à
qualidade das vias (Vandenbulcke et al., 2011) são importantes em seu
uso. Além disso, as influências climáticas e as estações do ano aparecem
nos estudos como aspecto que facilita ou dificulta na pedalada (Buehler,
2012; Eryiğit & Ter, 2014; Flynn et al., 2012; Franco et al., 2014;
Spencer et al., 2013; Willis et al., 2013).
Esses aspectos dão suporte à dimensão humano-ambiental do uso
da bicicleta, uma vez que variáveis do ambiente natural e construído se
aliam às comportamentais e sociais para delinear o fenômeno. Nesse
sentido, ressalta-se o estudo de Willis et al. (2013), que explora a
satisfação do ciclista em relação às características ambientais. Identifica-
se que, ao se comparar ciclistas com usuários de outros modos de
transporte, aqueles são mais satisfeitos com seu deslocamento do que