este espaço, sua apropriação e sua história contam muito na tomada de atitudes decisórias em
situações de ameaças, riscos ou eventos propriamente ditos.
2.4 APEGO E IDENTIDADE AO LUGAR
Seguindo Giuliani, 2004, a primeira referência sobre laços afetivos com lugares foi
feita por Fried em 1963, na obra Grieving fo r a Lost Home, um estudo sobre a deslocação
forçada da moradia, onde se percebeu que o afastamento forçado de uma pessoa com o seu
lugar, produzia reações semelhantes à perda de um ente próximo. Neste contexto, também se
intensificou os debates sobre as noções de espaço e lugar, trazendo a noção de espaço
representado como um conjunto de positivações acerca do ambiente físico e o lugar como um
espaço imbuído do significado elaborado pelos seus utilizadores.
O apego ao lugar, segundo Felipe (2012), é o vínculo emocional firmado com cenários
físicos, que envolve sentimentos derivados da experiência espacial real ou esperada, a
identidade de lugar é o conjunto de cognições de valência positiva e negativa elaboradas pelo
sujeito acerca do espaço físico.
Segundo Castells (1999, p. 22, 23) “entende-se por identidade, a fonte de significado e
experiência de um povo”, no que diz respeito aos atores sociais, é a construção de significados
com base em atributo cultural, ou um conjunto de atributos culturais inter-relacionados.
Identidade é diferente dos papéis que desenvolvemos socialmente (papéis sociais como ser
mãe, trabalhador ou de determinada religião), a identidade é constituída por meio de um
processo deindividualização. De forma mais genérica, segundo o autor, “identidades
organizam significados, enquanto papéis organizam funções”.
Do ponto de vista sociológico, toda e qualquer identidade é construída. A principal
questão, na verdade, diz respeito a com, a partir do quê, por quem, e para que isso
acontece, A construção da identidade vale-se da matéria prima fornecida pela
história, geografia, biologia, instituições produtivas e reprodutivas, pela memória
coletiva e por fantasias pessoais, pelos aparatos de poder e revelações de cunho
religioso. Porém, todos esses materiais são processados pelos indivíduos, grupos
sociais e sociedades, que reorganizam seus significados em função de tendências
sociais e projetos culturais enraizados em sua estrutura social, bem como em sua
visão de tempo/espaço (CASTELLS, 1999, p. 23)
“Todos já experimentamos alguma forma de laço afetivo, positivo ou negativo,
agradável ou desagradável, em relação a algum lugar” (GIULIANI, 2004, p. 89). Seja este
lugar ligado à nossa experiência presente ou passada ou até mesmo futura, o mundo afetivo,
está muitas vezes presente nas representações, idealizações e expressões da vida, sendo