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A Fenomenologia é um recurso metodológico que possibilita ao pesquisador a
investigação de situações vividas e a possibilidade de ingressar no mundo - vida dos
seus sujeitos - os que possuem a vivência da “coisa-mesma”. A revelação dessa
experiência é o fenômeno, sobre o qual o pesquisador tem interesse e intenção de
compreender. O método é a organização das descrições das falas dos sujeitos - que
são os dados da pesquisa (LIMA, 2015, p.2).
Para Bicudo e Espósito (1994, p.16), a fenomenologia teria surgido como “método
novo destinado a fundamentar tanto a filosofia quanto as ciências”. Seguindo essa linha de
pensamento, pode-se dizer que a fenomenologia legitima as experiências vividas e a
intencionalidade do indivíduo, sendo em experiências consigo mesmo e uns-com-os-outros; e
como estas experiências são capazes de modificar vidas.
O mundo fenomenológico é não o ser puro, mas o sentido que transparece na
intersecção de minhas experiências, e na intersecção de minhas experiências com
aquelas do outro, pela engrenagem de umas nas outras; ele é portanto inseparável da
subjetividade e da intersubjetividade que formam sua unidade pela retomada de
minhas experiências passadas em minhas experiências presentes, da experiência do
outro na minha (MERLEAU-PONTY, 1999, p.18).
Conforme a afirmativa acima, a fenomenologia transcende o mundo dos significados,
ao abrir espaços para as subjetividades e entendimentos de si, do outro e das coisas em seu
contexto temporal, cultural, intencional e geográfico. Para tanto, necessário se faz ir ao encontro
do fenômeno, experienciando suas vivências e delas participando, interagindo, sem, no entanto,
interferir no entendimento do outro.
Assim, observar o movimento do corpo é observar as suas relações com o mundo em
sua trajetória, as vivências e experiências que o torna cúmplice de seus momentos,
pois o corpo carrega sua historicidade, repleta de significados próprios para o sujeito
observado. Esse movimento pode traduzir importantes informações sobre o ser, pois
é uma forma de comunicar-se, de manifestar desejos, sentimentos, é a expressão não
falada, não dita (STEVAUX; RODRIGUES, 2012, p.4).
De acordo com Rodrigues, Lemos e Gonçalves Júnior (2010. p.84): “Apenas indo à
coisa mesma, ou seja, aos sujeitos situados na região de inquérito – lugar ontológico no qual se
inserem conhecimentos específicos – e interrogando-os, é que poderemos desvelar o fenômeno
que se encontra oculto”. Ou seja, há uma necessidade da construção de conhecimento in loco,
de vivenciar as experiências com corpo-presente. Neste contexto, o método escolhido no escopo
da fenomenologia para esta pesquisa foi o método “fenômeno situado”, como procedimento
que observa e analisa o modo como os pesquisados experienciam suas vivências. Isso é
realizado, especialmente, pela interpretação das falas dos partícipes, colhidas mediante
gravação/filmagem, transcrevendo-as e analisando-as para atribuir-lhes significados e grau de
importância. Para, além disso, “a pesquisa da estrutura do fenômeno situado tem uma